Você sente falta de ar durante o sono?


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Publicado em: 8 de abril de 2020 às 10:06

Dor de cabeça, irritabilidade, boca seca e cansaço ao longo do dia. Esses são alguns dos sintomas de quem sofre com falta de ar durante o sono. Mas você sabe o que causa a falta de ar e porque ela ocorre durante o sono?  Neste post, abordaremos esses e outros assuntos, divididos nos seguintes tópicos:

  • Como a falta de ar é descrita?
  • Um sintoma: várias causas
  • Falta de ar e apneia do sono: qual a relação?
  • Prevalência da apneia
  • Entendendo o sono
  • Os estágios do sono e a apneia
  • Consequências de uma noite mal dormida

Boa leitura!

 

Como a falta de ar é descrita?

Ter uma parada respiratória breve durante o sono é fisiológico devido a um estreitamento do músculo que ocorre naturalmente, dificultando a passagem do ar. Mas se essas pausas na respiração ocorrerem além do que é considerado normal, é melhor tomar cuidado, pois a baixa oxigenação de ar no corpo pode causar danos ao organismo. 

Na medicina, o termo para falta de ar é “dispneia” e é caracterizada pelo desconforto e dificuldade ao respirar. Ao sentir falta de ar, cada paciente descreve de uma maneira, podendo ser caracterizada pelo aperto, dor no peito e dificuldade para respirar profundamente ou respiração curta e/ou desconforto na respiração. 

A falta de ar pode ser bastante desagradável e em alguns casos, até mesmo assustadoras. De acordo com pesquisas, uma a cada quatro pessoas sofrem com esse problema, e é ideal ficar de olho, pois a falta de ar pode ser um indicativo de outros problemas.

A falta de ar também pode vir acompanhada de outros sintomas como tosse, cansaço/fadiga e febre e pode ter diversas causas, por isso é importante fazer acompanhamento médico periodicamente.

 

Um sintoma: várias causas

A falta de ar pode ser causada por diferentes fatores, que podem envolver desde o condicionamento físico à algum tipo de enfermidade. 

Infecções e obstruções como gripes e resfriados causam entupimento nasal e coriza, assim como a sinusite e a rinite, que provocam bastante desconforto ao respirar.

A poluição proeminente das indústrias, carros, cosméticos e tecnologias são bastante presente em nossa rotina e a situação também é séria, pois os poluentes inalados vão direto para o pulmão, causando doenças graves, dificuldades respiratória ou até mesmo óbito. O tabagismo também provoca danos irreversíveis ao sistema respiratório. 

Já a falta de ar durante o sono pode ser causada pela Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), um problema que afeta não só o bem-estar ao longo do dia, mas a saúde como um todo.

 

Falta de ar x Apneia do sono: qual a relação?

A falta de ar provocada pela apneia do sono ocorre quando a via aérea colaba durante o sono. Sem ar, o cérebro reage enviando um alerta ao corpo de que é preciso liberar adrenalina. O resultado é que a pessoa tem um microdespertar e pode estar associado com a aceleração dos batimentos cardíacos e sensação de sufocamento.

A apneia do sono tem, por sua definição, a redução do fluxo inspiratório em mais de 50% por pelo menos 10 segundos e é dividida em quatro subtipos : Apneia Obstrutiva, Hipopneia, Apneia Central e Mista.

A apneia obstrutiva do sono é uma doença crônica, progressiva, incapacitante e, segundo estudos, têm alta taxa de mortalidade e morbidade cardiovascular. Essa falta de ar durante o sono pode ser definida como parada (apneia) ou redução (hipopneia).

 

Prevalência

Estudos indicam que a apneia do sono é mais comum do que se pensa, afetando cerca de 33% da população brasileira. No geral, a incidência é mais frequente em homens de meia idade devido às diferenças anatômicas das vias respiratórias, perfil hormonal e distribuição corporal (tronco e pescoço).

Apesar disso, estudos epidemiológicos apontam que há grande incidência de SAOS em mulheres, que podem apresentar sintomas e grau de severidade diferentes ou até mesmo, pela não comunicação dos sintomas durante as consultas, o que dificulta rastrear a presença do distúrbio. Outro fator significativo é que na menopausa, com a redução dos níveis de hormônios femininos, há maior risco de desenvolvimento de SAOS.

Mas é importante observar também que a prevalência de qualquer tipo de apneia aumenta conforme a idade e peso, entre outros fatores de risco.

 

Entendendo o sono

O sono é um elemento essencial para a qualidade de vida. Seres humanos saudáveis gastam um terço  de suas vidas dormindo. 

Chamamos de sono o estado comportamental reversível de não responsividade parcial ao ambiente, ou seja, tem baixa atividade cerebral .

O sono é um fenômeno cíclico que alterna entre sono leve e profundo e é dividido em dois momentos principais: REM (movimentos oculares rápidos) e NREM (sem movimentos oculares rápidos).

O NREM compreende aproximadamente 75-80% do sono, e é considerado fisiologicamente tranquilo e com baixa frequência cardíaca e respiratória. Logo após, acontece o estágio REM, que representa 20-25% do total do sono e é onde ocorrem diversas alterações fisiológicas, como a elevação da frequência cardíaca e respiratória e mudanças na pressão arterial e fluxo sanguíneo cerebral. 

Além disso, o sono é dividido em quatro fases, que são essas:

1ª fase- Adormecimento: Dura cerca de 1 a 7 minutos e é considerada uma zona intermediária entre estar acordado e dormindo. O cérebro produz ondas irregulares e rápidas, a tensão muscular diminui e a respiração fica mais leve.

2ª fase- Sono mais leve: Nesta fase a temperatura e ritmos cardíacos diminuem bastante, levando ao limite entre estar acordado e dormindo.

3ª fase- Início sono profundo: o corpo inicia o processo de sono profundo e as ondas cerebrais diminuem o ritmo.

4ª fase- Sono profundo: Nesta etapa, o organismo libera os hormônios ligados ao crescimento e executa processos para repor as energias do desgaste diário e na recuperação de células e órgãos.

 

Os estágios do sono e a apneia

A apneia geralmente ocorre entre as fases do sono profundo, dificultando o indivíduo a atingir o REM, e afetando consequentemente o descanso e a recuperação mental e física.

Na terceira fase de início de sono profundo é que ocorre a obstrução parcial das vias aéreas, a apneia e a presença de ronco.

Na quarta fase, com os batimentos cardíacos aumentados, as paradas cardíacas podem ser mais frequentes e quem sofre com apneia pode acordar com engasgos. 

Os indivíduos que sofrem com apneia acordam inúmeras vezes, antes mesmo de atingir ao sono REM, e, nos casos em que conseguem, passam um período curto de tempo nesse estágio, justamente pelas frequentes paradas respiratórias. E o sono prejudicado pode causar danos bastante sérios ao organismo.

 

Consequências de uma noite mal dormida

Inúmeras pesquisas mostram que a privação de sono causa problemas a longo prazo, como diabetes, obesidade e até mesmo uma morte prematura. E os efeitos são muitos:

Irritabilidade: além dos olhos lacrimejantes e bocejos constantes, uma noite mal dormida pode trazer alterações de humor. Sem a reparação realizada pelo sono, os níveis de cortisol, hormônios de estresse, aumentam. O resultado disso é enfrentar o dia mais nervoso e irritadiço.

Dificuldade de raciocínio: a falta de um sono de qualidade atrapalha o planejamento e raciocínios cerebrais, dando espaço à falta de atenção e lentidão para executar tarefas. Consequentemente, a memória é afetada e os esquecimentos se tornam mais comuns.

A falta de raciocínio faz também com que o indivíduo tome decisões por impulso, podendo optar por escolhas ruins que lhe trarão dores de cabeça futuramente.

Riscos de acidentes: Com o raciocínio e atenção prejudicados, a capacidade de avaliar riscos também diminui. Desta forma, a falta de sono também contribui para maior probabilidades de acidentes.

Imunidade baixa: Sem o devido descanso, no corpo há uma redução de anticorpos, deixando o organismo mais propenso à doenças e infecções.

Mudança no apetite: Como forma de repor a energia que não foi compensada no sono, o corpo busca por alimentos ricos em carboidratos. Se não bastasse, a Leptina, hormônio responsável pela sensação de saciedade, não é secretada: o efeito disso é um consumo maior de comida (principalmente massas) e ganho de peso de forma não saudável.

Pessoas que têm apneia e não a tratam, podem sofrer desequilíbrio mental e químico, resultado das noites mal dormidas e que pode resultar em irritabilidade, depressão, dificuldade para formação de memória, alterações de humor, dores de cabeça frequentes e logo ao acordar e cansaço. 

 

O que fazer?

Na presença de qualquer um desses sintomas, o ideal é procurar um especialista em sono, pois somente um especialista no assunto será capaz de fazer o diagnóstico acertado e iniciar o tratamento adequado.

 

CONCLUSÃO

A falta de ar durante o sono é bastante incômoda e deve ser levada a sério. Problemas cardíacos, pulmonares, infecções e apneia do sono são alguns fatores que provocam o distúrbio. 

As paradas respiratórias devem ser investigadas por um especialista do sono, pois afetam a rotina e qualidade de vida de quem sofre com elas, como a privação do sono, que pode gerar uma série de problemas como irritação, ansiedade, alterações de humor, depressão, dificuldade de raciocínio,  esquecimentos frequentes e até mesmo riscos de acidentes.