Bruxismo e apneia do sono: qual a relação?


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Publicado em: 30 de agosto de 2021 às 14:24 Bruxismo

O bruxismo do sono, ou simplesmente conhecido como bruxismo, é um hábito inconsciente e involuntário que leva uma pessoa  a ranger os dentes constantemente durante o sono.

Mas o que causa bruxismo, só existe um tipo, quais os sintomas e qual a relação entre bruxismo e apneia do sono? Essas e outras questões você confere ao longo deste artigo, por isso, continue a leitura e tire todas as suas dúvidas sobre este tema.

 

O que é bruxismo?

Apesar do nome, o bruxismo nada tem a ver com bruxa. A palavra tem origem grega e traduzida quer dizer “ranger de dentes”. Sendo assim, o bruxismo do sono pode ser definido como um hábito involuntário que uma pessoa tem de ranger, deslizar e apertar os dentes.

Esses eventos podem acontecer tanto durante a noite, quanto em diferentes momentos do dia, mas é bem mais comum que ocorram enquanto a pessoa dorme. 

Ainda que o bruxismo não seja uma desordem grave, pode trazer problemas sérios para a saúde se não tratada. 

 

Tipos de bruxismo

Como já dissemos no tópico anterior, o bruxismo pode ser diurno ou noturno e, além do horário, eles têm suas diferenças. 

O bruxismo diurno, também conhecido como briquismo ou bruxismo de vigília, é caracterizado por um apertamento dos dentes ou tensão da mandíbula e está muito relacionado a questões emocionais, sendo assim geralmente provocados por episódios de ansiedade e estresse.  

Justamente por esse motivo, é comum que pessoas que sofram de bruxismo diurno definam o distúrbio como uma espécie de tique, que se apresenta ao longo do dia. 

Já o bruxismo noturno é o tipo mais comum e é quando o indivíduo faz essa pressão dentária e ranger de dentes, enquanto dorme. É um ato incontrolável e, geralmente, a pessoa nem percebe que está rangendo ou comprimindo o maxilar.

Como acontece durante a noite e não existe uma consciência real sobre o que está acontecendo, é bem comum que pessoas próximas notem o distúrbio. 

Outra forma de perceber a doença é pelas constantes dores e pelo desgaste dentário provocado por essa fricção dos dentes. O bruxismo noturno está mais relacionado a algum tipo de distúrbio do sono, mas também pode ter origem em problemas psicossociais. 

Independente do tipo, é importante identificar quais as causas do bruxismo para que o paciente inicie o tratamento de forma adequada.

Dependendo do caso é possível que seja necessário o uso de placas específicas durante a noite para evitar o contato entre os dentes e também psicoterapia. 

 

Quais os sintomas de bruxismo?

Os sintomas do distúrbio são logo percebidos porque ele gera uma série de incômodos e dores, tais como:

Dores de cabeça: que são resultado da frequente pressão no maxilar. É um dos sintomas mais comuns dos dois tipos de bruxismo e pode se apresentar tanto de forma mais fraca quanto mais intensa.  

Desgaste dos dentes: por conta da fricção e apertamento que ocorre, danificando toda a dentição. Por exemplo: é bem comum pacientes com bruxismo terem esmalte desgastado e a coloração dentária amarelada, além de dores contínuas nos dentes  e sensibilidade dentária

Dores faciais: como no bruxismo ocorre o apertamento (pressão) nos dentes várias vezes durante a noite (ou dia), é comum que esse ato acabe tensionando a musculatura da região mandibular. O resultado são as dores faciais.  

Cansaço ao longo do dia: pessoas com bruxismo dormem muito mal. Isso acontece porque, devido ao distúrbio, elas não conseguem avançar nos estágios do sono, tendo sempre sono artificial. 

Zumbido no ouvido, dores e infecções: por causa da constante pressão nos dentes, também chamada de Síndrome de Compressão Dentária. Elas ocorrem por uma “falha” dos sinais que o cérebro envia para o ouvido. Por isso não é raro que os pacientes com bruxismo se queixem de ouvir zumbidos e, consequentemente, falta de atenção e concentração. 

Sangramento gengival: o constante ranger do bruxismo aplica pressão em toda a região da boca, o que colabora para o enfraquecimento dos dentes e faz a gengiva recuar. Esse “espaço vago” é um território propício para a formação de bactérias que provocam outras doenças gengivais e, portanto, levam ao sangramento. 

Desgaste ósseo e perda dos dentes: dados os traumas que o bruxismo provoca, as pessoas que sofrem com este distúrbio podem apresentar perda óssea e problemas sérios na estrutura do dente. Dependendo do grau do enfraquecimento ósseo é possível que o dente caia sozinho ou seja removido. 

Estalos ao movimentar a boca: os estalos acontecem ao abrir e fechar a boca porque a pressão provocada pelo bruxismo gera um desgaste na articulação da boca. 

 

O que causa bruxismo?

Apesar dos avanços médicos que temos testemunhado, ainda não se descobriu o que, de fato, pode causar o bruxismo. Mas o que se sabe até agora é que uma série de fatores combinados resultam no aparecimento do bruxismo. 

Além disso, existem algumas condições que podem contribuir para desenvolver o distúrbio, entre eles, podemos citar:

Estresse: pessoas mais estressadas e que sofrem de ansiedade podem ter o hábito de ranger os dentes, desenvolvendo o bruxismo. A personalidade também pode ser um fator decisivo nesse sentido. 

Idade: ele é mais presente em crianças pequenas, mas também acontece bastante na fase adulta. Para se ter uma ideia, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 40% da população brasileira tem bruxismo.

Genética: foi identificado que famílias com históricos de bruxismo podem ter mais chances de desenvolver a doença bucal. 

Uso de medicamentos: foram observados também a presença de bruxismo como um tipo de efeito colateral após o uso de determinados medicamentos.

Outros transtornos: alguns distúrbios mentais e médicos, como a doença de Parkinson, epilepsia, terror noturno, apneia do sono, distúrbios de déficit de atenção, hiperatividade (TDAH), entre outros, podem estar associados ao bruxismo.

Dificuldade para dormir: é apontada como principal causa quando o assunto é bruxismo. 

Emoções negativas: tensão, frustração, tristeza, raiva, entre outros, são emoções que podem fazer com que os pacientes comprimam ou rangem seus dentes. Por isso, pessoas que vivem episódios frequentes de emoções negativas e respondem dessa forma podem desencadear bruxismo. 

 

Como tratar?

O tratamento para o bruxismo pode variar de acordo com o diagnóstico realizado pelo profissional. 

Dependendo do caso, é necessário algum tipo de intervenção com aparelhos odontológicos, e, nessas situações, o acompanhamento de um profissional de saúde é indispensável, já que podem provocar efeitos colaterais. 

Além disso, é possível também o uso de medicamentos para controle de ansiedade e outros que ajudam no relaxamento muscular da mandíbula (geralmente indicados para casos extremos) e terapias relaxantes como yogas, exercícios físicos e psicoterapia, que melhoram a qualidade de vida, reduzem  os níveis de estresse e, consequentemente, os sintomas de bruxismo.

Se o indivíduo apresentar ainda problemas respiratórios, além das intervenções que já descrevemos aqui, podem ser necessários outros tratamentos. Por esse motivo, o cuidado do bruxismo geralmente é multidisciplinar. 

 

Como é feito o diagnóstico de bruxismo?

Na maioria das vezes o diagnóstico de bruxismo é feito por meio de um exame clínico, no qual o dentista avalia a ocorrência de desgaste dos dentes ou outros sintomas, podendo ser complementados ou não, com exames de raio-x para entender a extensão dos danos e causados pelo distúrbio.

Como os pacientes também apresentam problemas relacionados ao sono, pode ser que exames de polissonografia sejam necessários para ajudar na identificação do problema.

 

Apneia do sono e bruxismo, existe relação?

Tanto a apneia quanto o bruxismo são dois distúrbios do sono que podem acontecer simultaneamente, ou não. E ambos os problemas são mais comuns do que se pensa. Para se ter uma ideia, 3 a cada 10 adultos têm apneia do sono.

E é preciso levar a sério porque sem o tratamento adequado, além de vários aspectos que prejudicam a vida pessoal e social, a apneia do sono pode levar a óbito ou a sequelas mais graves por conta da falta de oxigenação. 

E qual a relação? Até então, acreditava-se que o bruxismo estava relacionado ao estresse, no entanto, estudos recentes reiteram essa possibilidade, afirmando que o estresse talvez não seja o principal fator para o bruxismo, como se acreditava antes. 

Desta forma, averiguou-se que o ponto mais crítico do bruxismo está na dificuldade respiratória durante o sono leve e a incapacidade de chegar ao sono REM.

Há diversos estudos que buscam entender essa relação. Uma pesquisa feita em 2015, por exemplo, demonstrou que o bruxismo ocorre com maior frequência em pessoas que têm apneia grave. 

Outro detalhe importante é a ansiedade, sintomas que acontecem nas duas doenças, porém ocorre de forma mais comum em pacientes com apneia do sono. Para se ter uma ideia, segundo o estudo, pessoas com apneia do sono apresentam 33,3% mais ansiedade do que a população em geral, que é apenas 3%.

A pesquisa inclusive indicou que pessoas que não dormiam adequadamente estavam predispostas a desenvolver bruxismo, tanto do tipo diurno quanto noturno. 

Entretanto, outro estudo apresentado em 2019, apontou que, ainda não existem evidências que comprovem, de uma forma decisiva, a relação entre os dois distúrbios. 

Independente disso, é importante que tanto a apneia do sono quanto o bruxismo, sendo diurno ou noturno, sejam devidamente tratados para evitar maiores problemas de saúde.

 

Relembrando, o que é apneia do sono

A apneia do sono é um distúrbio bastante sério e também prejudica a qualidade de vida dos pacientes, já que interfere no sono e outras áreas da vida.

A apneia do sono ocorre quando a respiração pára durante o sono e esse episódio pode ocorrer várias vezes numa mesma noite.

Apesar de ser mais frequente em homens, a apneia não tem idade, podendo estar presente em bebês até idosos, principalmente pessoas com mais de 50 anos e com sobrepeso.

Existem diferentes tipos de apneia: a apneia obstrutiva do sono, que é a mais comum em que a garganta relaxa e atrapalha a entrada/saída de ar, a apneia do sono central, que ocorre por uma “falha” do cérebro, que deixa de dar sinais sobre a necessidade de respirar e a apneia do sono mista, em que o paciente sofre dos dois tipos.

 

Sintomas da apneia do sono

Justamente por interromper a respiração por um momento, a apneia do sono representa um grave risco à saúde se não tratada. Mas além da falta de ar, outros sintomas são fortes indicativos da doença. Confira abaixo alguns deles:

  • Fadiga constante;
  • Falta de energia durante o dia;
  • Sonolência diurna excessiva; 
  • Ronco;
  • Problemas de memória e/ou concentração;
  • Insônia ou sono extremamente agitado;
  • Dores de cabeça constantes;
  • Boca seca e dor de garganta pela manhã;
  • Mudanças repentinas de humor;
  • Tontura ao acordar, que ocorre geralmente pela falta de oxigenação adequada;

Assim como as apneias do sono se diferem, os fatores de risco para cada uma também são específicos, e vários motivos podem estar envolvidos no desenvolvimento delas, incluindo aspectos físicos, como, por exemplo: 

Tamanho do pescoço: a circunferência do pescoço é um fator decisivo, já que pescoços mais grossos podem comprimir as vias e atrapalhar a respiração;

Sobrepeso: o acúmulo de gordura que pode se formar ao redor das vias áreas por conta da obesidade, aumenta os riscos de desenvolver o transtorno;

Histórico familiar: pessoas com familiares que apresentaram apneia do sono também têm mais probabilidade de terem o distúrbio;

Uso de álcool e produtos químicos: dada suas composições, certas substâncias podem provocar o relaxamento da garganta e, consequentemente, interferir na respiração;

Ser fumante: estudos apontam que fumantes têm 3x mais chances de terem apneia obstrutiva do sono do que pessoas que nunca fumaram;

Problemas de saúde: hipertensão, diabetes, Parkinson, insuficiência cardíaca, síndrome dos ovários policísticos, distúrbios hormonais, entre outros quadros clínicos também ajudam a aumentar as chances de ter apneia;

Congestão nasal: pessoas que já têm problemas para respirar têm muito mais facilidades de desenvolverem o distúrbio.

 

Agora que você sabe o que é bruxismo e qual a sua relação com a apneia do sono, ficou claro que é importante buscar o diagnóstico médico caso apresente um ou mais sintomas com frequência, certo?

Tratar desses distúrbios é fundamental se você quer ter mais qualidade de vida e saúde, já que ela interfere no sono, atenção, concentração e outros aspectos fundamentais para o dia a dia. Por isso, não deixe para depois, sua saúde deve ser prioridade e conte a Respire Care para cuidar de você.